Ernesto Nazareth

Velha Guarda

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foto de Ernesto Nazareth
Ernesto Júlio de Nazareth (Rio de Janeiro, 20 de março de 1863 — 1º de Fevereiro de 1934) foi um pianista e compositor brasileiro, considerado um dos grandes nomes do Tango Brasileiro, atualmente (desde a década de 20 do século XX) considerado um subgênero do choro. Estudou música com os professores Eduardo Madeira e Lucien Lambert. Intérprete constante de suas próprias composições, apresentava-se como pianista em salas de cinema, bailes, reuniões e cerimônias sociais. De 1910 a 1913, e de 1917 a 1918, trabalhou na sala de espera do antigo Cinema Odeon (anterior ao prédio moderno da Cinelândia), onde muitas personalidades ilustres iam àquele estabelecimento apenas para ouvi-lo. Foi em homenagem à famosa sala de exibições que Nazareth batizou sua composição mais famosa, o tango Odeon. No mesmo Cine Odeon travou conhecimento, entre outros, com o pianista Arthur Rubinstein e com o compositor Darius Milhaud, que viveu no Brasil entre 1917 e 1918 como secretário diplomático da missão francesa. "Seu jogo fluído, desconcertante e triste ajudou-me a compreender melhor a alma brasileira", declarou Milhaud sobre Ernesto Nazareth. Trechos de canções de Nazareth foram citadas por Milhaud em seu balé Le Boeuf sur le Toit (O Boi no Telhado) e na suíte "Saudades do Brasil". Em 1922 foi convidado pelo compositor Luciano Gallet a participar de um recital no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro, onde executou seus tangos Brejeiro, Nenê, Bambino e Turuna. Esta iniciativa encontrou resistência, tendo sido necessária a intervenção policial para garantir a realização do concerto. Em 1926, Nazareth embarcou para uma turnê no estado de São Paulo, que foi planejada inicialmente para durar 3 meses, mas acabou se prolongando por 11 meses, com concertos na capital, Campinas, Sorocaba e Tatuí. Tinha então 63 anos, e foi a primeira vez que saiu do estado do Rio de Janeiro. Foi homenageado pela Cultura Artística de São Paulo e tocou no Conservatório Dramático e Musical de Campinas. Em 1927, Nazareth retornou ao Rio de Janeiro. Em 1930, concluiu sua última composição, a valsa Resignação. No mesmo ano, gravou ao piano a polca Apanhei-te, Cavaquinho e os tangos brasileiros Escovado, Turuna e Nenê, de sua autoria. Em 1932, apresentou um recital somente com músicas de sua autoria em um concerto. Neste mesmo ano realizou uma turnê pelo sul do país. Vivia em uma casa no bairro de Ipanema desde 1917. Em 1933, após um período de instabilidade mental em decorrência da morte de sua esposa e filha, de um problema de audição agravado, resultante de uma queda que sofreu na infância, e ser diagnosticado como portador de sífilis, Nazareth é internado no manicômio Juliano Moreira, em Jacarepaguá. No dia 1º de fevereiro de 1934, Nazareth fugiu do manicômio e só foi encontrado três dias depois, morto por afogamento em uma cachoeira próxima. Foi sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier, no bairro do Caju, mesma região da cidade onde nasceu. Deixou 211 peças completas para piano. Suas obras mais conhecidas são: "Apanhei-te, cavaquinho", "Ameno Resedá" (polcas), "Confidências", "Coração que sente", "Expansiva", "Turbilhão de beijos" (valsas), "Odeon", "Fon-fon", "Escorregando", "Brejeiro" e "Bambino" (tangos brasileiros). Ernesto Nazareth ouvia os sons que vinham da rua, tocados por nossos músicos populares, e os levava para o piano, dando-lhes roupagem requintada. Sua obra se situa, assim, na fronteira do popular com o erudito, transitando à vontade pelas duas áreas. Em nada destoa se interpretada por um concertista, como Arthur Moreira Lima, ou um chorão como Jacob do Bandolim. O espírito do choro estará sempre presente, estilizado nas teclas do primeiro ou voltando às origens nas cordas do segundo. E é esse espírito, essa síntese da própria música de choro, que marca a série de seus quase cem tangos-brasileiros, à qual pertence "Odeon".

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