Chiquita

Portugal

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foto de Chiquita
No preciso momento em que os sinos da Igreja do Convento de Campo Maior acabavam de soltar os últimos acordes anunciando a chegada do dia de São João (24 de Junho), na recém criada maternidade do Hospital da Misericórdia, uma jovem senhora dava à luz uma criança do sexo feminino, inaugurando, desse modo, a unidade de obstetrícia do aludido estabelecimento hospitalar. Foi um verdadeiro acontecimento na terra, cuja notícia se espalhou rapidamente por todas as casas. E a curiosidade foi tal, que os responsáveis clínicos se viram forçados a limitar as visitas apenas aos familiares, única forma de os demais utentes poderem repousar das suas maleitas. Por esse motivo e haver nascido aos primeiros segundos de dia tão festivo, o rebento esteve prestes a chamar-se Maria João, o que só não sucedeu porque os padrinhos optaram por lhe atribuir os seus próprios nomes. Mas outros aspectos houve que motivaram, desde logo, a enorme curiosidade tanto da vizinhança, como das demais mulheres da Vila. Entre eles, os finos traços fisionómicos da criança e farta cabeleira loura que evidenciava. Chegou mesmo a dizer-se, em círculos de maior religiosidade, que havia nascido um “anjinho”, razão suficientemente forte para que o povo festejasse a “novidade”. Era, por isso, tempo de festa e de folias várias para os demais habitantes da pacata localidade. Noite de fogueiras, bailaricos e desgarradas que se estendiam pelos diversos recantos desta bonita vila alentejana, erguida pelo punho do homem, entre Elvas e Badajoz. É, assim, natural, que devido a uma hipotética conjuntura astral mas fundamentalmente à forte influência dos parentes mais próximos – parte dos quais, também eles, dados às cantorias – a jovem criança desde muito cedo começasse a evidenciar atributos para as cantigas, exercício que durante a infância, persistentemente se entregava, sempre que momentaneamente lhe era confiada a missão de reparar por seus irmãos, alguns anos mais novos. Foi, assim, sem sobressalto, que já em Paris, cerca de vinte anos mais tarde, decidiu aceitar o desafio lançado por diversos compatriotas para cantar um canção portuguesa, no decurso de uma festa a que assistia, enquanto espectadora. E com tamanha desenvoltura o fez, que, desde logo, foi convidada a participar noutros convívios que a comunidade portuguesa ali radicada estava a organizar, atrás desses, outros vieram, e, com eles, o despertar de uma vocação que permanecia adormecida desde os tempos de infância. Poder-se-à afirmar, que desta forma, começou, verdadeiramente, a carreira artística de Chiquita. Já lá vão umas dezenas de anos. Embora o empenhamento a vitalidade e o rigor que coloca no seu repertório aliados ao profissionalismo com que o faz, sejam credores da admiração de um vasto público, tanto em Portugal, como no estrangeiro. De tal sorte, que chegou mesmo a actuar em Festivais Internacionais e programas televisivos em França, representando a música de expressão popular portuguesa. Corria o ano de 1979. No ano seguinte, gravaria o seu primeiro LP, intitulado “Sem Fronteiras”, no qual contou com a colaboração da poetisa francesa, Valerie Vouge e de vários poetas alentejanos, entre eles Antunes da Silva e Eduardo Olímpio, que, acreditando no seu talento, se dispuseram a escrever para si diversos textos. De então para cá, inúmeros foram os espectáculos em que participou, tanto em Portugal, como em França, Suíça, África do Sul, Canadá, Austrália e Estados Unidos. Tal como vários são os êxitos musicais que a sua discografia dos quais se destacam, entre outros, “Regresso”; “Três rosas no meu jardim”; “Açorda alentejana”; “O rapaz dos meus sonhos”; “Festa na cama”; “Bota acima, bota abaixo”; “Vai um balde água fria”; “Os homens estão cada vez mais bonitos”; “Meu pai de barba grisalha” e, por último, “A coisa aqui tá preta”, êxitos esses que já lhe deram dois Disco de Ouro e dois Discos de Platina.

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