Xaile

Folk

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foto de Xaile
Xaile é um grupo musical português que, ao fim de dois anos de trabalho, está agora a revelar-se a pouco e pouco em concertos (com passagens pelo Incrível Club, em Almada, e pelos Recreios da Amadora; com uma actuação próxima marcada para o Maxime, em Lisboa, e com outras que de certeza se seguirão) e num álbum de estreia que é editado em Junho pela Universal. A convite desta editora, o texto de apresentação do Xaile que está a ser enviado para várias rádios e jornais é assinado pelo autor deste blog. Texto que aqui deixo na íntegra, com os votos de maiores felicidades à fabulosa equipa que dá corpo ao Xaile... Raramente, na música portuguesa, se arrisca fazer da pop popular e do popular pop. Quando pop e popular deviam ser, sempre, sinónimo ou, pelo menos, palavra filha uma da outra. E quando isso acontece algo de importante acontece na música portuguesa. Aconteceu com a Banda do Casaco. Aconteceu com António Variações e os Heróis do Mar. Aconteceu com os Sétima Legião, os Ocaso Épico e os Madredeus. Aconteceu com os Trovante e, mais tarde, os Sitiados. Acontece, agora, com projectos tão diferentes como A Naifa, os Dazkarieh, os Chuchurumel, os Mirandum, Uxu Kalhus ou os Dead Combo, entre alguns poucos outros. Por caminhos diversos, através de abordagens diferentes, seguindo uma ou outras vias, todos eles procuram a essência da música portuguesa, abrindo-a a novas influências e avançando convictamente para o futuro. Xaile, um grupo de música portuguesa - de «música planetária portuguesa», diz Johnny Galvão, um dos fundadores do grupo - inscreve-se facilmente nessa antiga e nova linhagem. Porque é música portuguesa de raiz e é muita, tanta, música à volta. Mas com tudo isto a fazer sentido, de canção para canção e tudo dentro da mesma canção, movimentos perpétuos de canções dentro de canções, dinâmicas, variações, surpresas constantes em que chulas e malhões, fado e cante alentejano podem coexistir com o hip-hop e o jazz e o funk. Em que ecos de José Afonso, Sérgio Godinho, Fausto, Banda do Casaco e Madredeus namoram com a música dita celta em jigs, reels e airs (e a sua renovação através de nomes como Clannad, Enya ou Capercaillie), com o flamenco, a música árabe, africana ou brasileira. Sem barreiras, sem pudores, sem vergonha, o que também quer dizer, com um sentido pop raríssimo no nosso país. E com uma alegria, um brilho e uma criatividade constantes. Depois, pormenor que está reservado para este terceiro parágrafo: à frente do Xaile estão três cantoras, três belíssimas cantoras, todas elas irmanadas num sonho comum, solidárias e complementares, tão diferentes mas tão iguais na maneira como se entregam à sua arte. Chamam-se Marie, Lília e Bia e são as três cantoras e instrumentistas e bailarinas. Marie, luso-francesa com um pé em Paris e outro no Algarve, a fazer um mestrado em Literatura Oral Tradicional, fez parte durante alguns anos dos Alambique, Dazkarieh e Avalon Ensemble. Hoje, faz investigação no Centro de Tradições Populares Portuguesas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e está de corpo e alma no Xaile, onde canta, toca gaita-de-foles galega, variadíssimas flautas de Bisel e adufe. Lília, portuense mas transmontana de coração, estudante de Artes do Espectáculo também na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tem formação em dança, pertenceu a um rancho folclórico e participou em vários espectáculos de teatro e televisão. Teve várias propostas para gravações a solo mas prescindiu delas em favor do Xaile, grupo do qual diz ser «o meu sonho». No Xaile, Lília canta, toca harpa céltica e percussões. Bia é açoriana, arquitecta, e passou por grupos rock e tunas universitárias (refundou a Arquitectuna, na Faculdade de Arquitectura de Lisboa) e está no Xaile, com paixão, onde canta, toca guitarras, cavaquinho e percussões. E quem ouve o álbum de estreia do grupo percebe a química, a união, a diversidade e complementaridade destas três vozes, mas ao vivo tudo isto ainda é mais visível. Vêem-se as três juntas e pensamos nas finlandesas Vartinna, nas belgas Lais, nas galegas Leilia, nas «multinacionais» Zap Mama... Isto é, num grupo em que as vozes femininas, por muito boas que sejam individualmente, e são!, valem muito mais porque fazem todo o sentido quando ouvidas assim, em conjunto. Marie, Lília e Bia são as três pontas do Xaile. Mas falta falar de quem teceu, primeiro, o tecido de que o Xaile é feito. Na base, na origem, da história estão dois músicos e compositores, Rui Filipe Reis e Johnny Galvão. Rui Filipe, compositor das músicas e co-letrista, produtor, arranjador e instrumentista (teclas, programações, acordeão) do Xaile, tem formação clássica em piano, trabalhou como instrumentista e arranjador durante vários anos com Dulce Pontes, participou em musicais com Pedro Osório e José da Ponte e, desde há dois anos, é um dos responsáveis pela produtora Raga, em que desenvolve projectos próprios de composição e produção. Johnny Galvão saiu de Portugal nos finais dos anos 60 e desenvolveu a maior parte do seu trabalho de instrumentista e produtor em Espanha (onde trabalhou na renovação do flamenco com Paco de Lucia e Manolo Sanlucar e no cruzamento do flamenco com outras linguagens, nomeadamente com Miguel Rios, o duo feminino Las Grecas, Los Chorbos ou no álbum «Delírios Ibéricos», que juntou Rão Kyao com os Ketama) e no Brasil (em que, nos anos 80, produziu trabalhos de vários grupos e artistas como Leo Jaime, no polémico álbum «PhodaC», e Raimundo Fagner). Johnny Galvão criou também música para teatro, cinema e publicidade, antes de regressar a Portugal. Nos últimos dois anos tem trabalhado com Rui Filipe na Raga, onde desenvolveram dois projectos em parceria: os Rosa Negra e o Xaile. No Xaile, Johnny Galvão é produtor, arranjador, guitarrista, co-compositor das músicas e autor das letras. Letras que remetem para um imaginário tradicional português. No Xaile, há frases, expressões, citações que ajudam imediatamente a situar a música num território mítico, nosso, feito de canções antigas, lenga-lengas, jogos infantis ou poesia popular. No Xaile escutam-se palavras nossas, tão nossas, na voz das três cantoras - «giroflé», «pouca-terra, pouca-terra», «vai de roda», «entre as brumas da memória», «sape gato lambareiro», «rei, capitão, soldado, ladrão»... - em novos contextos, com novos significados, em novas harmonias. E até, no único momento em que se usa uma língua estrangeira, o inglês - «Far away, far away from here...» -, as palavras são de Fernando Pessoa. Palavras ditas, no disco do Xaile, pelo inglês Russell Nash - cantor que com a sua banda homónima, Nash, teve bastante sucesso no Reino Unido, em 2001, com o álbum «The Chancer» e que se apresta agora para gravar um novo álbum para a Raga. O álbum de estreia do Xaile, homónimo, foi editado em Junho através da Universal Music Portugal. Do alinhamento, constitituído unicamente por originais, fazem parte os temas «Ai Linda, Ai Linda», «A Ver o Mar», «Assim-Assim», «Encontro Marcado», «Onde For o Amor», «Roda da Alegria», «A Minha Circunstância», «Aquele Maio», «Ao Luar», «Haja Saúde», «Até Me Encontrar», «Jardim Celeste», «Lá de Onde Eu Sou» e «Não te Vás Embora». O primeiro single, «Ai Linda, Ai Linda», começa por estes dias a rodar nas rádios. Para dar um novo significado à sigla MPP. Publicada por António Pires em "http://raizeseantenas.blogspot.com/"

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