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Vanderli Catarina (Belo Horizonte, 3 de março de 1966 — Belo Horizonte, 5 de Agosto de 2016 ), mais conhecido como Vander Lee, foi um cantor e compositor brasileiro.
"Resolvi montar no bairro uma “banda de final de semana” que se chamava Natural, que tocava covers do 14 Bis e outros sucessos do rock nacional, como Lulu Santos, Cazuza, Renato Russo, Paralamas, Lobão, passando pela MPB de Djavan, Caetano, Gil, Milton, Beto Guedes, Luiz Melodia e cia... Nossa primeira apresentação foi no auditório do Lar dos Meninos São Vicente de Paula e foi um sucesso. Ninguém tinha instrumento direito, mas aos poucos comprei minha primeira guitarra, uma Gianini Sonic das mais simplesinhas. A banda se desfez quando fui para o Serviço Militar. Quando saí, em 1986, meus ex-companheiros já haviam formado outra banda e eu não me adaptei na nova formação. Comecei aí, minha investida na “carreira solo”. Eu estava mais amigo do violão, com o qual eu animava as noites dos recrutas antes do toque de recolher, já tendo composto algumas músicas e aprendido outras tantas.
Faltava um empurrãozinho só pra eu cair no mundo quando num certo dia fui a um bar chamado Vila Velha e vi um carinha muito carismático e talentoso chamado Maurício Tizumba tocando. O lugar ficava apinhado de gente para vê-lo. Meu amigo me pediu pra dar uma canja e eu, depois de algumas biritas, estava cheio de coragem. O proprietário do lugar me ofereceu uma chance de abrir apresentações do Tizumba que, conforme fui percebendo, não era exatamente pontual. Com isso eu, que tinha um repertório pequeno, era colocado à prova e tinha que segurar as pessoas no bar das nove horas até quando ele chegasse, o que poderia ser meia noite, uma da manhã, uma e meia... Isso foi suficiente pra eu sair da casa de meus pais, largar o emprego e a escola e começar a viver da noite. Logo surgiram outros bares (muitos através do próprio Tizumba, que tinha tanta oferta de trabalho que acabou virando uma espécie de agente de outros músicos que queriam tocar nos bares de BH).
Nessa época, conheci o guitarrista Luiz Peixoto, que morava no Padre Eustáquio, e produzimos juntos minha primeira “demo” com quatro músicas minhas de nome “Natureza”, “Caminhada”, “Minas Gerais” e “Canção do bicho homem”, a última baseada em poema de Rogério Salgado, um então poeta alternativo de BH. Essa fita rodou pela cidade e chegou até a tocar na Rádio Inconfidência, dentro do programa Bazar Maravilha, numa seção que tocava pela primeira vez o pessoal que não tinha LP (ainda não existia cd) gravado. Uma dessas cópias chegou até o produtor Nestor Sant'Anna, que me chamou em seu escritório, disse palavras de grande incentivo e se despediu. De tempos em tempos, alguém me dizia que ficara sabendo do meu trabalho através dele.
No ano seguinte, 1987, fiz minha primeira apresentação baseada em músicas minhas dentro de um projeto chamado “Segunda Musical” no Teatro Francisco Nunes. Foi quando senti na pele as dificuldades que encontraria pra fazer um trabalho autoral. Nos anos seguintes, fui muito visto pelos bares da cidade e pouco nos palcos que almejava, pois tinha que garantir meu sustento. Isso me tirou um pouco da composição e do projeto que interiormente eu esboçava.
Naquele ano, a rede Globo Minas realizava o festival de música “Canta Minas”, do qual participei e consegui um segundo lugar com a música “Gente não é cor”. Fiquei deslumbrado com toda aquela visibilidade e isso me impulsionou a produzir meu primeiro CD independente. Nessa época eu assinava Vanderly.
Sempre tive problemas com meu nome; já havia sido Vanderly Catarina, Vanderli Natureza, Vanderly etc... Mas a gota d'água foi quando ouvi um locutor da Rádio Inconfidência anunciar: - Vanderley, dele, Contra o Tempo.
Com o CD na sacola eu ia de bar em bar, dando canjas e vendendo. Nesse período reencontrei Nestor Sant'Anna. Passei um cd pra ele, que me ligou no dia seguinte. Nos encontramos, ele me sugeriu outra mudança no nome e me apresentou ao Alexandre Noronha, que passaria a ser meu produtor. Ficamos ali pensando um tempão até surgiu o Vander Lee. Na hora a idéia não me pareceu muito original, mas depois de consultar uma astróloga, não tive dúvidas: seria esse o meu novo nome, com a vantagem de continuar o mesmo. Essa coisa de mudar o nome funcionou muito pra mim, não sei se é assim com todo mundo, mas recomendo.
Meu primeiro CD não chegou ser um estouro de vendas, mas me trouxe os primeiros fãs de carteirinha, que muitas vezes pegavam discos e ajudavam a vender, além de ter a música “Contra o tempo”, que hoje é minha música mais gravada, tocada em algumas rádios locais. Mas melhor retorno dele, sem dúvida, foi Elza Soares. Em novembro de 1998, minha amiga Rossanna Decelso me ligou dizendo que Elza Soares estaria em BH lançando o livro “Cantando pra não Enlouquecer” e sugeriu que eu levasse a ela meu CD. Fiquei timidamente numa mesinha no canto do restaurante Cozinha de Minas, até que a fila diminuiu e fui até ela. Passei o cd, ela me olhou de cima até em baixo, não disse nada. Levou o cd, ouviu e duas semanas depois me telefonou e disse...
- Eu gostaria de falar com o Vander Lee, aqui é Elza Soares, é ,aquela famosa mesmo, é!
Quase caí da cama, quando ela me contou que havia ouvido meu cd e que gostara em especial da primeira música "Subindo a Ladeira", (parceria com Rossanna Decelso) querendo saber se poderia incluí-la no seu repertório de show. Passamos a nos falar com frequência e alguns dias depois, eu a convidei pra assistir um show meu em BH. Ela não só veio como subiu no palco e cantou comigo aquela música. A partir disso, fiz várias participações em shows dela em Sampa, Rio, e Salvador. Regressando para Belo Horizonte, produzi junto com Alexandre Noronha um show numa casa noturna que estaria inalgurando naquele dia 06 de março de 1999, o Lapa Multishow, que ainda resiste bravamente no cenário da cidade.
No inicio de 1999, um cd demo com algumas composições inéditas minhas chegou as mãos do produtor Mário de Aratanha, através do Nestor Sant’Anna. Logo em seguida, ele me ligou, me convidando pra gravar um cd pelo seu selo Kuarup.
Poucos meses depois, eu estava no Rio gravando “No balanço do balaio”, disco acústico e suingado, repleto de bons músicos, participação do gaitista e produtor Rildo Hora na faixa “Românticos” e de amigos mineiros como Mauricio Tizumba, Tambolelê, Raquel Coutinho e meu pai José Delfino.
Este disco rendeu muitas boas críticas, mas circulou timidamente por Minas, Rio e São Paulo. Comecei a ser solicitado pra muitos shows e nessa época (2000) resolvi passar mais tempo no Rio, fui morar em |Botafogo e tive a sorte de conhecer o poeta Sergio Natureza, no aniversário do Cláudio Nucci, exatamente no dia em que cheguei lá. Foi Sergio que também me apresentou o Luiz Melodia, que veio a ser meu padrinho no projeto Novo Canto naquele ano, em um show em Copacabana e outro em São João do Meriti. Essa parceria renderia ainda mais um show juntos no Palácio das Artes, BH e outro em em Sampa, no Sesc Pompéia, com a participação da Cantora Ivânia Catarina , minha irmã, que acabara de lançar seu primeiro cd, além do Berimbrown, banda mineira que dava o toque black final na apresentação.
Nesse período, voltei a morar em Belo Horizonte, fiz muitos shows pelo interior de Minas e também no Rio, mas um fato novo começou a movimentar minha carreira naquela época. Varias cantoras de diferentes gerações começaram a gravar minhas canções. Primeiro, veio a Ana Cristina, depois Rita Ribeiro, Gal Costa, Emilinha Borba, Regina Spósito, Lúdica Música, , Milena Monteiro, Banda Noivo da Lu e Alarme Falso, seguidas depois por Alcione, Leila Pinheiro, Paula Santoro, Margareth Menezes, Eliana Printes e Luiza Possi, Mariana Baltar, Selmma Carvalho, entre muitas outras.
Em 2003, minha produtora Patrícia Tavares me inscreveu no Sexto prêmio Visa, edição compositores, acabei conseguindo um terceiro lugar entre mais de três mil concorrentes de todo o país. Impulsionado pelo prêmio, fiz uma temporada no Teatro Chico Nunes que acabou virando meu terceiro CD, primeiro ao vivo, cujo repertório passeava pelas canções que haviam sido gravadas por algumas das cantoras já citadas, alem das participações especiais de Elza Soares e Rogério Delayon.
A gravadora Indie Records resolveu distribuir o disco que foi um sucesso e me rendeu muitos shows pelo Brasil afora, alem da possibilidade de lançar em 2005, o cd “Naquele Verbo Agora”, um disco mais romântico e levemente pop, que teve algumas músicas como “Brêu”, “Meu Jardim” e “Iluminado” muito executadas nas Fm’s brasileiras, alem de ter sido finalista do “Prêmio Tim de música, nas categorias Melhor Disco e Melhor Cantor da Canção Popular, depois de ter participado de uma caravana do Projeto Pixinguinha 2005, ao lado do quarteto mineiro de Saxofones Monte Pascoal e do compositor Niteroiense Fred Martins.
Já em 2006, tive mais um ano movimentado de shows, gravei dois dvd’s (é... alem de “pensei que fosse o céu”, fui convidado a fazer um registro visual acústico dentro de um studio de tv, com alguns convidados e isso virou um dvd que será lançado a qualquer momento, com o nome de “entre)”.
Agora estou, de alguma forma, relendo todas essas estórias nesse novo projeto
“Pensei que fosse o céu”, alem de apresentar algumas novidades, como “Chilique”, “Bangalô”, “Pra ser levada em conta”, num show muito emocionado e emocionante, com direito a uma ótima banda formada por Lincohn Cheib, Ivan Correia, Luiz Peixoto, Marco Lobo, Ricardo Cheib, Vinícius Augustus e Ricardo Fiúsa e participação de Zeca Baleiro no Palácio das Artes, em Belo Horizonte."
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