Ai
De minhas mãos nasceram armas
Cravos, correntes, ferraduras
De minhas mãos nasceram lanças
Elmos, escudos, armaduras
Brotaram de minhas mãos sementes
Na semeadura
E adubos e flores para um campo
Longe distante ao pé dos montes
Campo santo de repouso eterno
Última pousada dos amantes
Flores para Isabela, mãe de Birdo
O que teve nome dado por forasteiro
Que a sorrir, indicando um colibri
Apontou murmurando
Birdo, Birdo
Menino passaro
Orfão passaro de Isabela
Que jé sofrera a perda
Do primeiro sémem fecundado
Ai, de minhas mãos nasceram afagos
Carícias rudes, calejadas
De minhas mãos os primeiros passos
Primeiros risos e querenças
Cresceram de minhas mãos
Muralhas trilhando o caminho
De minhas mãos meu filho vôa
Moço passaro para a viagem
Orgulhoso ao vê-lo, sorria
Altivo caminhava o filho do ferreiro
Moço já, e que bem o sabia
Que de minhas mãos
Levou o gosto acre, o duro impulso
E a mais doce alegria.