Junto à casinha do estradão que um dia
Um boiadeiro preso ali ficou
Pelos carinhos da mulher amada
E seu berrante nunca mais tocou
Lá encontrei uma mulher sozinha
Quis saber dela o que se passou
Mandou sentar-me pra ouvir seu drama
E do companheiro ela assim falou
Ele morreu e prosseguiu viagem
Na estrada larga que ao céu conduz
Hoje as estrelas são sua boiada
No azul do espaço de infinita luz
Ainda hoje vejo na janela
Lá no estradão a boiada a passar
Como a boiada longa dos meus passos
Dentro de mim, a passo a caminhar
Amigos seus as vezes me perguntam
Por onde anda o velho boiadeiro
A todos digo: Ouça a voz do vento
Que traz do além a voz do berranteiro
Aqui estou meus velhos companheiros
Olhem pra cima pra me ver passando
Em meu cavalo raio de luar
Pelo estradão de estrelas galopando
O meu berrante, hoje são trombetas
Que os anjos tocam chamando a boiada
De nuvens brancas no sertão do espaço
Vindo ao curral azul da madrugada!