Passando na mesma estrada
Por onde meu pai passou
Encontrei um velho amigo
Que de lá nunca mudou
Eu disse quem era eu
Na hora ele se lembrou
Fui amigo do seu velho
Chorando ele me falou
Você desapareceu
Nem quando seu pai morreu
Aqui você não voltou
Aquela prosa sincera
Por dentro me retalhou
Minhas pernas bambearam
Minha visão embaçou
A sua mão calejada
Meus cabelos acariciou
Me senti bem pequenino
A verdade me calou
Foi me dizendo contente
Eu vou te dar um presente
Que seu velho pai deixou
O seu pai foi um soldado
Que lutou até morrer
Que no fio do seu machado
Fez muito tronco gemer
Só ganhou o suficiente
Pra vestir e pra comer
Falava sempre do filho
Que nunca veio lhe ver
E esse chapéu de couro
Foi dele o maior tesouro
Que ele deixou pra você
Beijando o chapéu de couro
A minha mente dizia
Papai me dê seu perdão
Pela minha covardia
O diploma me deu tudo
Só não deu sabedoria
Não enxerguei a verdade
Quando o senhor me via
Este exemplo profundo
O maior homem do mundo
Foi meu pai, eu não sabia
Deus ali foi meu juiz
E eu no banco do réu
Pensando no velho pai
Levei a mente pro céu
Meu diploma na verdade
Não chega nem na metade
Da aba do seu chapéu