Janires

Rock

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foto de Janires
Janires Magalhães Manso, ou simplesmente Janires (Vitória, 22 de maio de 1953 — Três Rios, 11 de janeiro de 1988) foi um cantor, compositor, produtor musical, arranjador e multi-instrumentista que iniciou sua carreira no fim da década de 1970, sendo mais conhecido como o principal responsável pela modernização da música cristã ocorrida na década de 80. Vindo de uma família pobre, sendo filho de mãe solteira passou parte de sua juventude usando drogas, até que após ser preso e ficar durante um tempo numa casa de recuperação se tornou cristão. Foi o fundador e um dos vocalistas do Rebanhão, a primeira banda de rock cristão do Brasil a alcançar notoriedade nacional. No conjunto, compôs várias canções, destacando-se "Baião" e "Casinha". O primeiro trabalho do grupo foi Mais Doce que o Mel, lançado em 1981 e que foi alvo de críticas de líderes religiosos por usar sonoridades até então proibidos nas igrejas, como guitarras distorcidas e letras atuais. Porém, a banda fez sucesso com o público jovem, apresentando uma nova musicalidade para a geração da época. O último trabalho de Janires no grupo foi o álbum Janires e Amigos, considerado o primeiro disco cristão gravado ao vivo no Brasil, lançado em 1985. Após isso, deixou o grupo, mas mantendo sempre contato com seus membros. Após sair do Rebanhão, mudou-se para Belo Horizonte, onde passou a apresentar um programa numa rádio, além de fazer um trabalho de evangelização com jovens na Mocidade para Cristo. Na mesma época fundou a Banda Azul, que mesmo antes de lançar o primeiro trabalho já tinha uma certa notoriedade no segmento. Antes mesmo do lançamento de Espelho nos Olhos, Janires foi vítima de um fatal acidente de trânsito em janeiro de 1988, tendo seu corpo sepultado em Brasília. Seu trabalho lançado naquele ano recebeu grande aclamação do público. Mesmo com sua curta carreira, o cantor é considerado um dos maiores compositores da música cristã contemporânea e suas obras já foram regravadas por vários músicos, além de ser influência para outros. Em reconhecimento de sua contribuição para a música foi homenageado por vários conjuntos e artistas num evento ao vivo registrado em CD, de título Tributo a Janires. No texto que apresento nesta postagem é de uma matéria extraída da Revista Kerigma, Ano II Nº 9 do Ano de 1988. Foi compilada por Moisés Di Souza, Baixista, compositor e vocalista da Banda Azul. O autor é Francisco Santos (Xyco), que na época era Missionário da Mocidade Para Cristo/BH, amigo pessoal de Janires e da Banda Azul. É o texto que considero mais completo sobre Janires. As fotos são do CD Tributo a Janires (Som do Céu MPC). “Rolou o mundo. Percorreu vales de fundos sulcos. Andou errante, sem grilhões. Morreu livre. Este foi Janires”. Estávamos apreensivos!... Era 11 de janeiro de 1988. Estranhávamos a ausência do nosso irmão Janires, no primeiro “Clubão” do novo ano. Os jovens já estavam todos lá. Superlotavam o local, quase mil pessoas. A Banda Azul aposta para dar início ao louvor. Havíamos orado momentos antes, inclusive pelo próprio Janires e pela reunião que em instantes iniciar-se-ia. O relógio marcava 19:30 horas. Tudo estava pronto. A equipe da MPC atenta. O som ajustado, equalizado. Checamos cada detalhe. A “Tchurma” toda lá. Só não sabíamos que o Janires também já estava lá...com o Pai. Como o fato aconteceu!... Aconteceu na madrugada deste dia, uma segunda feira cinzenta, em um trágico acidente com um ônibus da Útil fazendo o percurso, Rio-Belo Horizonte, que o nosso amado aportava o céu, com o seu imenso “coração veleiro”. O filho mais velho de Dona Luzia, dos dois meninos que tivera, nascido em 22 de maio de 1953 na cidade de Vitória, no Espírito Santo, alçava vôo “mesmo sem ser de asa-delta”. Havia chegado a hora de “ir embora , viajar”. Por umas destas ironias que não se busca explicar, posto não ter residido por muito tempo em seu Estado natal, o Espírito Santo, bem como vitórias e derrotas, sempre estiveram presentes na sua vida atribulada e aventurada do nosso poeta. Vez que experimentara bem perto o poder de Deus em sua vida de andanças. Era um peregrino. Não era mesmo de ficar. Num bate-papo informal com a irmã Luzia recordávamos as peripécias e lutas do “velho Jajá”. Detalhes da Infância e Adolescência!... Logo aos 7 anos de idade questionava a vida e a sua origem, visto não ter conhecido seu verdadeiro pai. Não aceitando ou entendendo as explicações de sua jovem mãe, seus dissabores o levariam a uma estrada tortuosa e obscura, quando aos 12 anos, passou a “mexer” com drogas. Foi esta a sua alucinante trajetória até aos 19 anos. A Prisão!... Veio então o cárcere. Ficou preso 2 longos meses. A mãe desesperada recebendo o auxilio de outra senhora, lutou muito para tirá-lo do presídio e transferi-lo para o “Desafio Jovem” de Brasília, segundo orientação daquela mulher. Com o apoio do Prof.Galdino, presidente do mesmo, ambos (mãe e filho) tomaram contato pela primeira vez com o único e suficiente caminho: JESUS. Janires passou a trilhar o caminho, permanecendo ali, no centro de recuperação, por nove meses. Ganha uma segunda mãe, a Tia Arlete, assim por ele mesmo considerada. Contou com o amparo especial do Prof. Galdino,a quem se referia em conversas comigo como o “Capitão Galdino” e de toda a equipe de obreiros do “Desafio Jovem” de 1973. Pensando estar tudo terminado, fato esquecido, vai a julgamento. E, como fruto amargo, colhido como resultado de sua vida pregressa, é condenado a um ano de prisão e ao pagamento de 11salários mínimos. Contudo, por uma decisão de um tribunal superior ao dos Homens, ou de Deus, em um episódio inusitado, que certo dia me confidenciara, “teve o nome trocado com o de outro condenado”. Assim ocorrendo sua pena se reverte a ser cumprida no já conhecido “Desafio Jovem”, retornando pois. Ali, ligado à música (aliás, como sempre o fora), começa a trabalhar nos louvores, compondo suas primeiras canções evangélicas, bem ao seu peculiar estilo jovem.Transmudava-se em nova criatura. Ficou lá no “Desafio” chegando enfim, o dia de sair. A saída da Prisão e as armadilhas!... Ciladas o esperavam... Seus “ditos” amigos de “Underground” voltam a procurá-lo. Ele, presa fácil, novo na idade e na fé, não suporta a “Barra”...e volta as drogas. Passam-se seis meses... Mas o pai eterno, em sua infinita graça e misericórdia, não desistira dele. Por intermédio da Tia Arlete, assenta no coração dela, que esta deveria leva-lo para São Paulo. Lá , na igreja liderada pelo Tio Cássio, pode segurar firme nas mãos de Jesus, sendo acolhido como era. Nunca mais o deixou! Como surgiu o Ministério Rebanhão!... Em 1975, em São Paulo, Janires criou o “Rebanhão”. Sempre pensando em alcançar a muitos. Pouco tempo depois, mudou-se para o Rio de Janeiro, continuou com a idéia e visão do Ministério do grupo “Rebanhão”. E, com isso, dava início a um capitulo a parte, inédito, no que tange a musica jovem evangélica Brasileira. Gravou três LPs e um compacto com o “Rebanhão”. Comemorou dez anos de conversão gravando o primeiro LP ao vivo da musica evangélica no Brasil “Janires e amigos”. E, cá pra nós, amigos sempre foi algo que ele soube ter e fazer, por isso gostava de homenageá-los, registrando em suas canções e gravações. A saída do Rebanhão, e a chegada em BH... expectativas de um novo tempo!... Janires, contudo, não era de “esquentar banco”; e não se acomodava na inércia de vitórias já passadas, buscava sempre o novo, a criação. Dizia ele: “Quem vive de passado é professor de história ou museu”. E nesta época constante do renovar-se, e graças a Deus, renovando a muitos “apiô do trem em Belo Horizonte, no arraia da MPC”, logo após fazer a sua despedida do “Rebanhão”. Chegou aqui com um violão e seu imenso “Coração poeta”. Com a Mocidade Para Cristo, cumpria cabalmente seu Ministério, espargindo sua influência e liderança em cada filial que visitava ou convite que aceitava por estes “Brasis” que percorrera, num trabalho incansável, humilde e verdadeiramente itinerante. Em Belo Horizonte deu início a um programa de rádio de 60 minutos de duração, todo sábado. Programa jovem, evangelístico e musical, “Ponto de Encontro”. Gravou e lançou um LP com o mesmo nome deste programa, além de dois compactos com o “Quarteto Vida”.(MPC.BH). Cantava, pregava, conduzia o louvor e a adoração a juventude em praticamente todas as reuniões e eventos promovidos pela MPC, nas temporadas de acampamentos e especialmente no “Clubão”, de toda segunda feira, invariavelmente. Centenas e centenas de jovens o amavam; e eu podia perceber que os olhos daquela “moçada” brilhavam ao ouvi-lo cantar e louvar a Jesus Cristo em letras e ritmos tão contextualizados quanto poéticos. Liderando a Banda Azul!... Em novembro de 1986, antes de uma temporada nos E.U.A, Janires já lançava a semente daquele que viria a ser seu ultimo grupo musical: A Banda Azul. Em companhia de Moisés Di Souza (Baixo), Eduardo Costa (Dubatera), Eduardo Santos (Duguita) e Guilherme Praxedes (teclados), surge a primeira musica composta no acampamento de final de ano da equipe da MPC... “Meninos da Rua”. Com o “Som do Céu”, evento de louvor e pregação realizado em abril de 87 na praça do Papa, comportando um público estimado em 15 mil jovens, o trabalho da banda ganhando cada vez mais solidez e explode com “Canção das Estrelas”. O entrosamento era notório e melhorava a cada momento, passando a ser uma atração extra a cada reunião. Convites começavam a ocupar a agenda, quase nunca bem utilizada, do nosso “Rev. Jajá”. A primeira Gravação e a mudança do nome!... Nasce então a idéia da primeira gravação, e assim a antiga Banda MPC, muda de nome: Banda Azul. Explica ele com seu jeito singular de encarar a vida, que a razão deste nome para a Banda, “Era porque todos os seus componentes, tinham os olhos azuis” e invariavelmente, um sorriso desabrochava em seguida. Trabalhou arduamente, ao regressar de uma segunda viagem aos E.U.A, no novo disco que abriria caminho para a Banda Azul, nunca o vimos tão feliz, alegre e gordo. O carinho na preparação e o cuidado na elaboração do novo LP já se faziam antever a bela qualidade do esperado lançamento. Gravara e entrara nos estúdios de gravação pela ultima vez. Não chegou a ver o LP pronto. Com a capa e tudo pra ser lançado. Mas, deixava nele o essencial: seu talento, sua voz, suas músicas, suas inimitáveis letras, sua poesia. “Espelhos Nos Olhos”, já era histórico antes mesmo de ser lançado. Janires Magalhães Manso, um incansável servo de Deus. Tinha muito planos e projetos para a Banda Azul, que tenho certeza, saberá cumpri-los como herança de seu “Band Líder” e irmão mais velho. Reconhecimento!... Seu talento nato, dom de Deus, num misto de músico, poeta, repentista e pensador moderno, ainda que registrado em discos e fitas, por certo deixou aguda saudade e imensa lacuna. Poucos, muito poucos mesmo, souberam como ele empunhar a bandeira da “avant-garde” sendo ferido, muitas vezes, e sem ferir. Pelo contrário. A Despedida no Funeral em Brasília!... As palavras do irmão Alex Dias Ribeiro, bem como o testemunho dos irmãos que estiveram presentes ao seu sepultamento (Marcelo Gualberto MPC, Carlinhos Felix do Rebanhão, Pr. Ricardo Barbosa de Brasília, Prof. Galdino, D. Luzia sua mãe, ...e tantos outros) e toda a Banda Azul e obviamente (que lá tocou), corroboram esta realidade: “Seu funeral na Igreja Nova Vida, em Brasília, foi uma das coisas mais lindas, emocionantes e alegres que já vi”. Ao completar 32 anos, irmã Luzia o procurou perguntando-lhe se gostaria de conhecer o pai, agora que ela o encontrara; respondeu ele: “Minha família é aquela que nasce a cada manhã”. Agora esta família sente saudade do irmão, amigo e Artista. Mas ele já esta lá!...Junto com Sergio Pimenta, o Jayrinho e os outros tantos amados num “Clubão” que não tem mais fim.

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