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1987 é o ano de lançamento do primeiro álbum de uma das maiores bandas cristãs da história. O clássico Ep de capa preta levando como título apenas “Impellitteri” foi resultado de uma seção de demos entre Chris Impellitteri, que desde o inicio fora o mentor, líder e compositor de todas as músicas da banda e Rob Rock, ótimo vocalista que já havia participado da grande banda-projeto M.A.R.S junto com Tony MacAlpine, Tommy Aldridge e Rudy Sarzo, músicos que dispensam maiores comentários. Essa dupla já havia solidificado uma amizade durante o período em que participaram da extinta banda Vice, de 1983 á 1985.
Aquelas quatro músicas presentes no EP, primeiro fruto da parceria entre Chris e Rob no Impellitteri, já dava mostras do altíssimo nível das composições que os dois alcançam juntos, com Chris Impellitteri assumindo a composição de todas as músicas e Rob Rock ficando a cargo de todas as letras, outra característica da banda que ficaria conhecida mais tarde. O “Black EP” como é mais conhecido pelos fãs foi o suficiente para Chris conseguir um contrato com uma gravadora.
Temporariamente, após a gravação deste álbum, cada um seguiu o seu caminho. Chris foi ver que rumos conseguia dar ao seu Impellitteri e Rob Rock continuou sua trajetória de sucesso, gravando álbuns com as bandas Joshua e Angelica.
Com o contrato assinado junto a Sony/CBS, Chris não perdeu tempo, se juntou ao lendário vocalista Graham Bonnet, já muito conhecido por ter gravado álbuns com o histórico "Rainbow" de Ritchie Blackmore e deu inicio ás composições de "Stand In Line", um marco na carreira da banda e responsável por mostrar composições que se tornariam clássicas como "White And Perfect" e "Goodnight And Goodbye", além da marcante cover de "Since You’ve Been Gone", do Rainbow.
Após a gravação do álbum e sua subseqüente turnê, a banda acabou se desfazendo, mas Chris, determinado a fazer boa música e com um contrato assinado, não desistiu; chamou mais uma vez Rob Rock para o Impellitteri, desta vez em definitivo, e junto de Chuck Wright no baixo e Ken Mary na bateria, deram luz a "Grin & Bear It".
De direcionamento mais hard rock, tentando fazer uma mescla com o que era feito no estilo no final dos anos 80 e início dos 90, o resultado foi satisfatório, ainda que passe longe da sonoridade clássica que o Impellitteri adotaria e viraria sua marca registrada, o heavy metal altamente melódico, de refrões marcantes, ótimo vocal e guitarras absurdamente técnicas e virtuosas.
"Victim Of The System", lançado em 1993, além de ser a ponte para o clássico que viria a seguir, é também o álbum que marca o primeiro trabalho da formação mais clássica da banda, Rob Rock no vocal, Chris Impellitteri na guitarra, James Amelio Pulli no baixo e Ken Mary na bateria. James e Ken, igualmente técnicos e precisos, completavam uma formação muito entrosada e duradoura, que produziria músicas de altíssima qualidade durante anos.
Mas é em 1994 que viria a verdadeira “masterpiece” da banda. "Answer To The Master" conquistou o mundo. A velocidade, técnica e virtuose de Chris se mostrava mais fulminante do que nunca, e Rob Rock finalmente encontrara o jeito certo de cantar, levando o álbum a ser uma seqüência de clássicos. “The Future Is Black”, “Fly Away”, “Warrior”, “Answer To The Master”, “Hungry Days” e “The King Is Rising” são alguns exemplos deste grande álbum de heavy metal em todos os tempos.
Os teclados de Edward Harris Roth, brasileiro de nascimento, viriam para completar a ótima formação e se tornar a peça perfeita que faltava, contribuindo com idéias e criatividade ao som da banda, fechando a lacuna deixada.
Sendo fenômeno no Japão, país sempre receptivo ao metal mais melódico, a banda alcançou grande status por lá, em especial pelas guitarras de Chris, fator sempre evidenciado e elogiado. Tratando de desenvolver um estilo próprio (algo imediatamente reconhecido ao se ouvir um álbum da banda), Chris Impellitteri une perfeitamente velocidade, virtuose, técnica, pegada, influências clássicas e um timbre de guitarra característico desenvolvido por ele. Suas composições sempre primam pelos arranjos com melodias na dose certa, um riff principal se desdobrando em vários outros, solos altamente marcantes e virtuosos, muita técnica e conhecimento derivados de seus anos de estudo no instrumento, e velocidade absurda, uma mistura de Yngwie Malmsteen, Ritchie Blackmore, Adrian Smith e Eddie Van Halen, obtendo destaque em revistas como Young Guitar e Burnnn!.
A banda se tornou muito conhecida no Japão e Europa, mas ainda era praticamente desconhecida no seu país de origem, os Estados Unidos. Não é surpresa visto que as modinhas imperam na Terra do Tio Sam e que grandes bandas, especialmente do estilo do Impellitteri, dificilmente conseguem reconhecimento lá.
Da entrada de Ed Roth em diante, a ótima formação gravaria os igualmente ótimos álbuns "Screaming Symphony", "Fuel For The Fire" e "Eye Of The Hurricane". Seguiram fazendo longas turnês em terras nipônicas e Europa, e também desenvolvendo seu estilo, fazendo com que a banda rapidamente conseguisse personalidade própria, criando um som e estilo característico.
Rob Rock gosta e sempre escreve suas letras dando um duplo significado, deixando que quem as ouve interprete-as pessoalmente e tire um significado para suas vidas, primando pela inteligência e pelo questionamento.
Os álbuns sempre contém algum instrumental demonstrando o talento de Chris. É difícil não se impressionar com faixas como “Glory” e “Texas Nuclear Boogie”, essa última publicamente inspirada em "I'm The One", música do primeiro álbum do VAN HALEN de 1978.
"Crunch", de 2000, um álbum que mostrava um Impellitteri procurando inovar, com uma produção moderna e diferenciada, mais pesado e criativo, outra grande obra, foi inesperadamente o fim da parceria entre Chris e Rob Rock, e era também a estréia de Glen Sobel na bateria, que substituía com competência o queridíssimo Ken Mary.
O fato é que Rob Rock depois de passar anos planejando uma carreria solo, tinha decidido que aquele era o momento e Chris não achou interessante continuar com ele na banda quando não pudesse dar 100% ao Impellitteri. Assim sendo, a separação foi amigável e cada um foi dar novos rumos às suas carreiras.
Com essa súbita dissolução e um baque muito grande na cabeça dos fãs, o futuro da banda era incerto. Quem seria o frontman capaz de substituir com igual desenvoltura alguém do porte, da voz e carisma de Rob Rock? Graham Bonnet era a resposta. Sim! Ele mesmo, o mesmo cara que 12 anos antes havia gravado o clássico "Stand In Line".
Com a conhecida capacidade e competência de Graham de volta á banda, as coisas pareciam não estar tão ruins assim. A mesma formação que gravara “Crunch”, apenas com a mudança de vocal, foi a que deu inicio as gravações do álbum "System X".
Lançado em 2002, muito mais cru em sua sonoridade, bem mais pesado e direto do que de costume, "System X" foi uma grande mudança na banda. Chris deu um freio nos solos e usou afinação mais baixa, deixando as músicas menores e mais agressivas. Graham Bonnet cantou mais rasgado do que nunca. Há inclusive, flertes com o thrash metal (como em “Slow Kill”) sem deixar o espírito hard/heavy de lado.
Tranqüilidade total, o nível não havia caído em nada e ainda por cima tinham renovado o seu som. Os fãs cristãos do grupo só ficaram receosos com a mudança das letras, que já não traziam temas tão claros a Deus ou a salvação, e com a recusa de Graham Bonnet em cantar as músicas da fase de Rob Rock ao vivo. Com isso, durante a turnê só foram executadas músicas dos álbuns "Stand In Line" e "System X", junto com alguns covers de bandas como Alcatrazz (outra antiga banda de Bonnet), Rainbow e Deep Purple, constantes fontes de inspiração para o Impellitteri.
Ainda com Graham na banda, foi lançada a coletânea "The Very Best Of Impellitteri – Faster Than The Speed Of Light", um título bastante sugestivo. Traz um apanhado geral da carreira do Impellitteri com faixas de praticamente todos os álbuns da banda, tendo ainda três músicas inéditas com os vocais de Graham, “Freakshow”, “Cyberflesh” e “Anti-Social Disease”, tornando-se um álbum muito atrativo para os fãs.
Os integrantes do Impellitteri também costumam fazer participações especiais em álbuns de outras bandas, principalmente Ed Roth, que recentemente gravou o álbum “Song In The Keys Of Rock” de Glenn Hughes e também fez participação especial em “Wake The Nations” de Ken Tamplin.
O retorno de Graham não duraria muito. Em 2003 ele acaba saindo (o porquê é uma incógnita), e a partir daí profundas mudanças seriam anunciadas na sonoridade do Impellitteri.
No mesmo ano foi divulgado que o novo vocalista era Curtis Skelton, ex-vocal de uma desconhecida banda americana chamada Speak No Evil. O lançamento do novo álbum está previsto para o inicio de 2004. Segundo declarações da banda eles pretendem fazer uma mistura de Disturbed, Fear Factory, Soilwork e Slipknot, só que recheadas das guitarras extremamente técnicas de Chris. Uma fusão de industrial, new-metal e o tal “Gothemburg Sound” trazendo influências de bandas do chamado death metal melódico como Children Of Bodom, In Flames e Dark Tranquillity.
É um passo muito arriscado e ao mesmo tempo muito corajoso escolhido por eles. Mudar radicalmente de sonoridade raramente trás benefícios para uma banda, mas sabendo da qualidade e consciência dos músicos aqui presentes é esperar pra ver. Pode ser um álbum absolutamente inovador, um novo som dentro do metal, como também a grande vergonha de toda a frutífera história do grupo. Vamos ver que surpresas Chris & Cia nos reservam.
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