Conjunto Spectrum

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foto de Conjunto Spectrum
A História Era 1971, dois anos pós-Woodstock, e a juventude brasileira ainda vivia os efeitos da \"Era de Aquarius\", mesmo que de forma um pouco tardia. Em meio a onda de paz e amor, um grupo de jovens músicos e cineastas de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, mergulhou fundo na produção do que se chamou na época de \"o primeiro filme hippie brasileiro\". Intitulado \"Geração Bendita\", o filme dirigido por Carlos Bini, e rodado na região, deixou registrado, além das imagens de uma época, uma trilha sonora tão surpreendente quanto rara. Gravado nos estúdio da Todamérica, no Rio de Janeiro, o disco também chamado \"Geração Bendita\" é assinado pelo grupo Spectrum, formado por ex-membros da banda 2000 Volts e atores/músicos do filme. Integravam o grupo os músicos Caetano, Serginho, David, Fernando e Toby, que dividiam os instrumentos e as composições feitas em parceria. Com idade média de 21 anos, a experiência do grupo resumia-se à cena local, onde iniciaram tocando covers de Beatles \"tão bem feito que chegavam, por vezes, a achar que o som era de rádio, ou de gravador\", diz hoje o guitarrista Caetano. O álbum com pouco mais de trinta minutos reúne doze canções, com letras em português e algumas em inglês, em sua maioria falando de paz, amor liberdade, natureza e outros temas e valores expressivos do período. O instrumental, com profusão das fuzz-guitar a varrer, e os vocais à la Beatles, sintonizavam com a produção mundial e situava o trabalho do grupo acima do padrão nacional da época. Caetano lembra hoje que o disco chamou a atenção dos disc-jockeys Big Boy e Ademir, mas acabou ignorado pelo mídia. Espaço natural para divulgação do álbum, o jornal Rolling Stone, em sua versão nacional, só veio a público no início de 1972, quando o grupo já não mais existia. \"Não tinhamos recursos técnicos, os instrumentos eram nacionais, de segunda, terceira mão, mas havia uma coisa maior que nos movia, que era o sentimento daquela geração\", conta Caetano, que ainda tocou por algum tempo na região. Tanto ele quanto outros integrantes da banda, ainda moram em Nova Friburgo e partilham com a cidade e inúmeros hoje ilustres moradores a memória daqueles \"momentos mágicos, coloridos e intensamente vividos\". Recentemete, por iniciativa de Caetano, e de outros remanescentes do movimento, chegou-se a tentar a realização de um festival, que resumiu-se em uma sessão do filme, sem ir adiante. Nova Friburgo e outras cidades da Região Serrana do Rio de Janeiro foram pólo de atração de grupos musicais e comunidades hippies que para lá transferiram-se em busca de \"paz, harmonia e contato com a natureza\". Um dos grupos que andou por lá uns tempos foi o gaúcho Liverpool, antes de transformar-se no Bixo da Seda, em 1974. O mais famoso foi o Mutantes, já contando apenas com Sérgio Dias da formação original, que instalou-se em uma casa em Nova Petrópolis. Nova Friburgo, de forma especial, contava com uma cena local forte, com diversos grupos da região e presença de bandas do Rio de Janeiro que lá iam tocar, como A Bolha e Analfabitles, entre outras. Apesar de ignorado em sua época, o álbum resistiu ao tempo e, hoje, ocupa os primeiros lugares nas \"want lists\" (procurados) de colecionadores mundiais de raridades psicodélicas (é um dos lps do livro \"2001 Record Collector Dreams\", editado pelo austríaco Hans Pokora, que reúne capas de discos raros de todo o mundo). Segundo palavras do próprio Hans \"O Disco é um dos LPs mais procurados em todo o mundo nesse gênero de música e é uma pepita para qualquer Colecionador\". O disco recentemente chamou a atenção de selos estrangeiros especializados em reedições limitadas em vinil - 180 gramas e, mesmo em cd, que buscaram contato com a banda para relançar o álbum. Assunto que vem sendo tratado junto ao selo original e detentor dos direitos de edição, podendo resultar também em uma tiragem nacional, que tornará finalmente o disco \"Geração Bendita\" acessível aos comuns dos mortais. S P E C T R U M - Biografia da Banda Em torno dos anos de 1967 a cidade de Nova Friburgo, situada no Estado do Rio de Janeiro-Brasil, era uma localidade pacata e bem localizada, provida por razoável parque industrial e por uma privilegiada situação proprícia à atividade agro-pecuária, cercada de uma natureza exuberante, vinha tornando-se, como outras mundo afora, palco de um cenário que teria abrangência mundial - o mundo hippie! e, em especial, das músicas que marcaram aquela época. Ainda ouvindo Elvis Presley e outros expoentes de então, começaram a surgir os primeiros acordes dos Beatles, Rolling Stones e outros mais, o que veio a acender o estopim de um movimento local que se generalizou. Vários jovens, já com dotes artísticos, começaram a se \"assanhar\" e ensaiar os primeiros acordes nos instrumentos que viriam a surgir. Em especial, o então jovem casal Dna. Gilda e o Sr. Fernando - ela tocava acordeão e ele amante da fotografia e também da música - viriam despertar em seus dois filhos mais velhos, Fernando e Ramon o interesse pela música, principalmente para aquele novo gênero que vinha se difundindo cada vez mais. Paralelamente, em toda a cidade o gosto se espalhou. Entretanto, enquanto alunos do centenário Colégio Anchieta (até então extensão da formação Jesuíta), encontraram outros colegas que manifestaram a mesma intenção - o Nando e o Caetano -, e resolveram montar uma banda. Cada um buscou aprimorar-se nas suas opções e aptidões: - Fernando, na bateria; - Ramon, no contra-baixo - Caetano, na guitarra-solo e - Nando, na guitarra-base. Os ensaios foram se repetindo, inicialmente em suas próprias casas dentro do possível, tendo como repertório base, evidentemente, os Beatles, com variações da emergente Jovem Guarda e versões de músicas internacionais que mantinham a linha pretendida. Porém, à medida que os rústicos equipamentos iam aparecendo, surgiu a idéia de utilizarem possíveis locais disponíveis no Colégio Anchieta. Em princípio, contrariando os valores até então vigentes, tiveram dificuldades para sensibilizar os gestores da Instituição quanto ao propósito. Mas, felizmente, encontraram no Coordenador Spencer, o facilitador para que tivessem um local adequado e, assim, pudessem dar continuidade ao trabalho. Até então a banda não tinha um nome que a caracterizasse. Ocorreu, então, que num dos ensaios o Ramon - que usava um aparelho para correção dentária - levou um tremendo choque elétrico junto ao microfone, que o fez exclamar: \"Parece que recebi um choque de mais de 2000 Volts…\". A partir daí estava definido o nome da banda \"2000 VOLTS\". Então, começaram a receber convites para tocar em festas de aniversários, colégios, outros eventos, etc. Nesse ínterim, mais um músico, o Tião (Tiãozinho) irmão do Caetano, passou a fazer parte do 2000 VOLTS, tocando guitarra-base. Foi uma fase muito divertida e saudável, quando a Banda já tinha um certo conceito, ao lado de outras que iam aparecendo, e fazendo a festa da rapaziada. Os Grupos começaram a se apresentar nos diversos Clubes da cidade e locais de expressão. Obviamente, os músicos locais foram se aprimorando e, naturalmente foram acontecendo mudanças. No caso específico do 2000 Volts, o Nando deu lugar ao Serginho, que veio de outro grupo, mantendo-se na guitarra-base. Nessa fase o Grupo, já com um bom amadurecimento, deu um salto enorme quando se destacou de forma magnífica, especialmente nos covers dos Beatles. Em seguida veio Simon & Garfunkel, e toda uma gama de grupos, que exploravam os arranjos vocais e mantinham a beleza e a riqueza que caracterizaram aquela geração. A essa altura foi sentida a necessidade de alterar-se o nome do Grupo que veio caracterizar aquela fase mais infanto-juvenil. À medida em que o trabalho ia assumindo um caráter profissional, passaram a buscar uma identidade mais apropriada à proposta. Entre inúmeras sugestões surgiu, através de um professor de Física a referência ao espectro solar que reportando às 7 cores primárias, os reportou às 7 notas musicais primárias. Com um pouco de imaginação e considerando até a sonoridade e universalização do termo definiu-se o novo nome do Grupo: \"SPECTRUM\". Na sequência, o Ramon foi acometido por uma enfermidade, o que fez o Tião sacrificar-se no sentido de substituí-lo no contra-baixo, com muito estudo, muita dedicação, empenho e desempenho. Entretanto, quis o destino que Tião buscasse outros caminhos profissionais que o forçariam a deixar a cidade dando lugar então, ao Toby, contrabaixista admirado de outra Banda, que aceitou o convite. Com essa nova formação a banda começou a ampliar seu repertório, sempre tendo os Beatles como ponto de referência, incluindo Led Zeppelin, Carlos Santana, Mama\'s and Papa\'s e adjacências, mas enfatizando uma identidade muito grande com Steppenwolf, o que provocou uma diferenciação acentuada com relação aos demais Grupos. Veio, então, o convite para fazer a trilha sonora do filme \"Geração Bendita\", que começava a ser rodado em Nova Friburgo. Através de contatos comuns entre os interessados, foi efetivado o compromisso e com isso a Banda deixou os palcos para se dedicar à confecção do trabalho. Neste momento o David, músico que atuava \"fora do circuito\" de bailes e shows, amigo dos participantes - em especial do Serginho -, foi convidado a participar da elaboração da composições, letras, arranjos, etc. Uma vez concluído o trabalho buscou-se, no Rio de Janeiro, um estúdio que se dispusesse a produzi-lo. Estranhamente as gravadoras se fecharam até que a Todamérica Música Ltda., abriu suas portas para a concretização do mesmo. Houve a habitual distribuição de cópias de divulgação, publicidade, e tal. Porém, com a censura feita ao filme, pelo Regime Militar então vigente - a qual vigorou por cerca de dois anos -, estagnou-se, como consequência, a pretendida e sonhada divulgação do trabalho musical o qual voltou às instalações da Todamérica, e caiu no esquecimento. A formação do Conjunto Spectrum, que gravou a trilha sonora do filme \"Geração Bendita\", então desmotivado, decepcionado, endividado, etc, sem Agente, sem Empresário, enfim, sem apoio, veio a desfazer-se, sem sequer realizar uma única apresentação pública. A história do Conjunto Spectrum, com outras formações, continua… Mas, isto é para outra ocasião!

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