Vocês que moram em palácios
E dormem em colchões de molas
Que perdem na mesa de jogo
Bem mais do que dão de esmolas
No dia em que os sinos cantarem
Trazendo um natal a mais
Procurem lembrar-se que existem
Outros natais
Natal das crianças doentes
Das nossas favelas
Anjinhos da fome que a idade
Se conta nos dedos
Que pedem a papai noel
Que passem também perto delas
Trazendo ao menos remédios
Em vez de brinquedos
Natal das crianças que dormem na dura calçada
Debaixo do teto opulento de nossas marquises
Natal sem castanhas, sem bolo, sem nozes, sem nada
Natal das crianças que morrem pra serem felizes