Alma Serrana

Sertanejo

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foto de Alma Serrana
Quando colocamos o pé na estrada, em 1992, sequer imaginávamos onde iríamos chegar. E certamente ainda não sabemos exatamente o que nos espera, mas asseguramos que seguimos firmes, e, o que é mais importante, contando com orgulho a nossa história. Passando adiante, com a modesta intenção de, quem sabe, servir de apoio àqueles que têm um sonho. Queremos transmitir a mensagem que sempre norteou nosso trabalho: é fundamental acreditar e sempre enxergar uma saída. Dessa forma, faço minhas as palavras do poeta Fernando Pessoa, que ilustra muito bem a nossa caminhada. Tudo vale a pena se a alma não é pequena. Fernando Pessoa A música na alma e a Alma Serrana... Por João Villar É querer muito tentar descobrir como nascem as grandes idéias, mas enfim, nasceu. E veio da cabeça do Fernando (quem diria, hein?)... Foi no ano de 1992. O moço trabalhava em uma loja de instrumentos musicais na cidade fronteiriça de Ponta Porã. Se o Alma Serrana fosse um bebê, diríamos que exatamente lá, naquela loja, foi concebido, quando Fernando comprou um contra - baixo e teve a idéia de ensaiar e tocar nas lanchonetes e bares de Campo Grande para aumentar a renda da família. Com o firme propósito de executar o plano, ele convidou nosso primo, Rogério, para tocar também e a dupla (dinâmica) mudou-se para Campo Grande. Pensamos que o Fernando pudesse tocar o baixo, meu primo teclado e eu guitarra. Engano: descobrimos, nos ensaios, que meu negócio era o teclado. Rogério passou para a guitarra. Já o Fernando ficou mesmo no baixo, dando o primeiro sinal de que esse seria, digamos, seu grande dom. Ninguém disse que seria fácil, mas a coisa começava a nos absorver, e muito. Ensaiávamos todas as tardes até anoitecer, preparando um repertório com músicas sertanejas para nossa estréia. Na época, conheci Marilani - minha cabeleireira - que contou-me ter participado de concursos de karaokê. Chamei-a para ensaiar com a nossa turma e, convencida de que tinha vocação musical, ela trocou a tesoura pelo microfone. Essa se tornou a nossa primeira formação. Adeus, Del Rey Foi meu pai, Fernando Villar Minella, o que mais acreditou em nós, naquele começo cheio de incertezas. A alma dele não era pequena, seguramente, porque foi ele quem fez valer a pena (parafraseando novamente Fernando Pessoa, seu xará). Pois meu pai vendeu um carro modelo Del Rey para comprarmos o primeiro equipamento de som. Dessa forma, pudemos estrear, em uma sexta-feira, em uma lanchonete chamada Cysne, em Campo Grande. Tínhamos apenas um repertório ensaiado para mais ou menos três horas de música, mas, mesmo assim agradamos e fomos contratados para o próximo fim de semana. Nasce o Alma Serrana Até então não havíamos batizado o grupo. Resolvemos que precisávamos de um nome e fizemos, então, várias listas com os mais estranhos nomes que vinham a nossa cabeça. Chegamos a dois nomes: ”Alma Campeira” e “Espírito Serrano”. O primeiro achamos muito gaúcho e o segundo muito “forte” para nome de grupo; juntamos os dois e saiu Alma Serrana. O primeiro baile a gente nunca esquece Alguns fins de semana depois, chegou um rapaz à lanchonete e perguntou se tocávamos alguma música de baile. Tocamos uma vaneira conhecida na época . O pessoal se levantou e veio dançar, esse rapaz então nos contratou para tocar na cidade de Rochedo onde possuía uma lanchonete. Fizemos então nosso primeiro baile. Já em 1993 deixaram o grupo o Rogério e a Marilaine. O Fernando e eu ainda tivemos que tocar um baile em Nova Alvorada sozinhos. Entraram então o Lauri, no violão, e o Luís Alberto, na bateria. Com a cara (de pau) e a coragem Em abril, na exposição agropecuária de Campo Grande, fomos com a nossa cara-de-pau nos oferecermos para tocar de graça na barraca da veterinária – que era a mais cheia e movimentada da exposição. Eles não quiseram. Fomos então à barraca da frente, da odonto. Eles aceitaram, já que não tinham nada melhor mesmo. Carregamos o nosso pequeno equipamento, agora transportado em nossa D-10 (também comprada com a ajuda de nosso pai e com o dinheiro dos cachês) e fomos para a exposição. À noite nossa barraca estava lotada e fomos contratados para os outros dias. A partir de então, não paramos mais de trabalhar e começamos a tocar em festas e clubes maiores em Campo Grande. A gente cresce e aparece. De ônibus Em junho, sentimos a necessidade de ter um acordeón, assim, passa a integrar o grupo nosso primeiro gaiteiro: Antonio. Com o trabalho aumentando, precisávamos nos deslocar para outras cidades. Assim, compramos nosso primeiro ônibus, dando como entrada nossa velha D-10 e parcelando o restante. Após quitarmos nossas dívidas com o ônibus, tudo parecia bem, até que os três integrantes - Lauri, Luís Alberto e Antônio - decidiram deixar o grupo. Mais uma vez só sobrou o Fernando e eu. Com a agenda de setembro, outubro e novembro cheia, tivemos que emprestar músicos para cumprir nossos contratos. Apesar do apuro, todos foram cumpridos. Nova formação Soubemos, por meio de uma amiga, que havia um jovem cantor de talento em Maracaju. Entramos em contato e fizemos um convite. André já havia feito um teste no então extinto Uirapuru e não o aceitaram. Entretanto, ele arriscou e veio nos conhecer. Ao cantar a primeira música no ensaio conosco, meu pai nos olhou e não precisamos dizer mais nada. Chegara o novo integrante do Alma e, dois dias depois, já tocava conosco em um baile no Clube União dos Sargentos, em Campo Grande. Seguimos procurando novos integrantes fazendo testes e testes. Um baterista que tocou com a gente – Célio, hoje no Canto da Terra – nos falou de um amigo, Marcos (Tchê Rato) com o qual fizemos contato e que, do Paraná, também se arriscou em vir nos conhecer, sem nunca ter estado no MS. Seu primeiro baile foi em Dourados onde, com sua voz e seu carisma, conquistou a todos do grupo. Como trocávamos de músico como se troca de roupa também passou por aqui um certo gaiteiro muito conhecido nos estados do sul: Elizeu (Capim), que, em um baile que deveríamos tocar na cidade de Camapuã, nos acompanhou para tocar vaneiras, junto um outro gaiteiro, para tocar chamamés: Eduardo. Passou-se o tempo e passaram alguns gaiteiros pelo Alma, até que (novamente) com nossa cara-de-pau, convidamos o Capim para integrar o Alma pedindo a ele que deixasse seu grupo – Bailanta – do qual era dono. Para nossa agradável surpresa, o Capim se tornou o último a integrar o grupo que viria a gravar os três primeiros CDs. O CD. O primeiro... De 1994 até o final de 1995 tocamos e tocamos, preparando caminho para o nosso primeiro CD, gravado em fevereiro de 1996. Com o primeiro trabalho “Vem Serranear” ganhamos o prêmio de melhor música para “Cara Metade” dado pela Fm Cidade 97, uma das músicas mais executadas no estado com “Puerto Tirol” e uma venda superior a 12.000 cópias. ... De uma série Em 1997, gravamos nosso segundo CD, “Dança Serrana”, com uma grande inovação para a época: a faixa “Guri” foi gravada ao vivo e se tornaria uma das mais tocadas até hoje em nossos bailes. Esse CD atingiu a marca de 9.000 cópias vendidas. E não fosse a concorrência dos discos piratas, certamente teríamos superado a marca. Mais um! Já em 1998 preparamos e gravamos o terceiro trabalho, “Serrana Mania”, mais uma vez inovando. O Alma Serrana gravou dois pagodes românticos, fugindo do tradicional sertanejo. Na festa de lançamento, que aconteceu no dia 08 de novembro no Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, recebemos um recorde de público para uma apresentação regional com mais de 15.000 pessoas. As faixas “Do jeito que te amei” e “Tudo que sempre quis” atingiram nas rádios as melhores colocações da programação na capital e nas demais cidades estavam entre as mais pedidas. Nesse trabalho atingimos uma venda de 8.000 CDs. Adeus novamente Foram seis anos sem alterar a nossa formação, até que, em janeiro de 1999, passou a integrar nosso grupo, vindo do Canto da Terra, o Valcenir L.G. Cordeiro – Iko – que ficou conosco até fevereiro de 2000, quando se mudou para os Estados Unidos, onde trabalha hoje. Em outubro de 1999 surgiu um quadro no Domingão do Faustão – Novos Talentos – quando, depois de muita insistência, o André se inscreveu com a música “Tudo que sempre quis”. Essa insistência o colocou entre os 28 melhores do Brasil nesse concurso. Com a repercussão do programa o André achou que era o momento certo para se dedicar a um novo projeto de vida, apostando tudo em seu talento. Assim o fez, deixou o Alma, gravou um CD solo e se lançou como cantor. Nova formação, novo CD Para suprir a falta do André, procuramos muito. Encontramos um guitarrista que chegou de Lajes - SC – Aloísio, o Baby - que integrou o Alma em junho de 2000. Através de suas amizades conhecemos o Víctor, de São Miguel D’oeste – SC, que passou a integrar o Alma como cantor solo. Como já tínhamos um CD praticamente pronto, com as bases das músicas já feitas, repertório definido e tudo mais, demos seqüência gravando o novo CD com as novas vozes. O nosso quarto trabalho, “Vamo Namorá”, foi lançado dia 3 de novembro em Campo Grande, no clube Estoril, com mais de 4.000 pessoas. Se destacam nesse trabalho a faixa título, as regravações “Seu Amor Ainda é Tudo”, “Contra senso” e as inéditas “Balangando as teta” e “Arraiá do Pau Fincado”, autoria do nosso compositor maior, Capim. E é isso aí. A história resumida que ainda não chegou ao fim...

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