Aldina Duarte

Fado

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foto de Aldina Duarte
Nasci em Lisboa. Cresci em Chelas num bairro social. A minha mãe alertou-me para a importância de aprender com tudo o que visse e ouvisse. Falou-me da importância de usar a imaginação e os sonhos para superar as dificuldades da vida. Ensinou-me a acreditar na vida e a ouvir o coração. Comecei a trabalhar com 20 anos num jornal, depois numa rádio e por fim no Centro de Paralisia Cerebral. Comecei por cantar no coro de um grupo meio musical, meio teatral, Valdez e as Piranhas Douradas, enquanto trabalhava no Centro de Paralisia Cerebral. A minha alegria passou para o meu trabalho e gosto de pensar que os meus alunos têm hoje memórias que tornam as suas vidas mais agradáveis. Entre a minha vida diurna e a minha vida nocturna, durante um ano, participei no filme “Xavier”, de Manuel Mozos, a cantar um fado; recordo o fado “Rua do Capelão”, porque as filmagens eram mesmo na rua do Capelão, na Mouraria. Os moradores da zona bateram tantas palmas que tive de repetir o fado só para eles ouvirem… Mais tarde, comecei a tirar tons na casa de fados onde, pela primeira vez, ouvi Beatriz da Conceição, recomendação imperativa do encenador e realizador Jorge Silva Melo, a quem fiquei de levar uma entrevista desta artista para ser utilizada num documentário sobre o fado; falámos de fado e da sua vida de fadista. Fiquei apaixonada por tudo o que ouvi, pedi-lhe conselhos, falou-me de tudo o que é mais importante no fado… Criei as “Noites de Fado” no Teatro da Comuna, com a ajuda do encenador João Mota e Paulo Anes, com quem muito aprendi sobre a seriedade e a beleza do teatro, da poesia e do fado. Senti-me em casa, entendida e apoiada. Foram criadas condições para aprender o essencial para me tornar uma fadista profissional… Recebi um convite para trabalhar, todas as noites, na casa de fados, o Clube de Fado, do Mário Pacheco, guitarrista. Era como se tivesse conseguido ter nota para uma entrada difícil na escola dos fadistas, a casa de fados… Um dia, surgiu um convite para o estrangeiro, um importante teatro europeu, o Piccolo Teatro de Milão, para cantar fado numa peça sobre a vida de Fernando Pessoa, "Os últimos Três Dias de Fernando Pessoa”, escrita por António Tabucchi e dirigida por Giancarlo Dettori (actor principal) / Lamberto Puggelli (encenador) / Giorgio Strehler (o Mestre). Desta experiência trouxe muito do que quero hoje para a minha vida e para o meu fado… Ouvi sempre com total atenção o que o José Mário Branco dizia, durante as gravações dos discos, ao Camané e aos músicos que o acompanhavam, O silêncio também é música. Fui para outra casa de fados, onde permaneço até hoje, a casa de Maria da Fé, a quem oiço dizer que o fado é sempre um mistério… Vou cantando para além de Lisboa, o ponto de partida do meu fado para todo o lado, e de onde parto e aonde regresso sempre para tudo, para cantar o meu fado quer a norte quer a sul de Portugal… por cá alargam-se os espaços e cresce o número de corações que me ouvem no que tenho para lhes cantar, o que é uma grande responsabilidade e um desafio… lá por fora a não compreensão da língua ainda não bloqueou a partilha do essencial, pelo contrário, em Marrocos, em Viena de Áustria, na Bélgica – a cantar para José Saramago e para o seu público (todos tradutores especializados na obra do escritor a quererem saber mais p’la boca do próprio) – e de volta ao Piccolo Teatro de Milão agora para apresentar o meu trabalho de “Apenas o Amor”, onde encontro desde sempre pessoas com quem aprendo e desperto para o essencial… Cabe-me dar tudo a cantar, também em palcos como o grande auditório da Culturgest, para merecer convites como o de Miguel Lobo Antunes, para quem um gesto de cultura passa também pelo encontro e pela conversa “cara a cara” entre quem convida e quem é convidado, para se verem e ouvirem a pensar alto sobre o trabalho em causa e a vida em geral… Continuando pelo vida, fazendo o meu caminho, ando a descobrir(me) no meu último disco, “Crua”, e no concerto outros sentidos dentro do mesmo caminho; consegui fazer o “Crua” só com letras do João Monge sobre músicas do Fado Tradicional! Enquanto intérprete, sem falsas modéstias, tenho a certeza que cresci com esta oportunidade única; canto alguém de muito talento, o letrista João Monge, que vive no mundo e no tempo em que vivo, a criatividade construtivamente confrontada, questionada e discutida com quem acredita e ama a nossa arte como nós, com todas as semelhanças e diferenças que nos unem, permitiu-me aprofundar o meu trabalho… Neste momento, em Maio de 2008, outra revolução na minha vida artística, inauguro a minha Editora e Produtora Musical, Roda-Lá Music, através da qual edito o meu terceiro disco, “Mulheres ao Espelho”, em Junho, (re)iniciando uma nova e determinante etapa nesta minha jornada para a felicidade. E espero, sinceramente, que seja também a felicidade de outros, para além de mim, senão nada disto faz sentido. Estou grata à Vida. E reconhecida aos profissionais extraordinários que me rodeiam neste novíssimo ciclo da minha profissão, que por sorte ainda são meus amigos… A estrear, até ao final de 2008, um filme de Manuel Mozos, produzido pela Midas, um projecto da autoria de Maria João Seixas, que se chamará “Aldina Duarte: Princesa Prometida” …

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