No meu rancho de barrote durmo em cima de um jiral
É um rancho bem modesto distante da capital
A beleza da paisagem parece um cartão postal
Eu tiro tudo da terra o que eu como é natural
Mandiocal para o polvilho e uma raça de milho
Pra pamonha e pra cural
Eu sou um caboclo rude e pra alguns um capiau
Eu quase não tenho estudo tão pouco ginazial
Pra quem vive da enxada já sei o essencial
Pego firme na lavoura bem cedo estou no curral
Já deixei a juventude e ainda esbanjo saúde
Nunca fui a um hospital
Eu plantei um canteirinho com erva medicinal
Pra atender alguns vizinhos quando as vezes passa mal
Remédio aqui é caseiro não tem nada industrial
Aprendi com índio velho na mata colher floral
Sou chamado curador e as vezes benzedor
Aqui no meu arraial
Não tem nada que me faça deixar a vida rural
Pra viver numa cidade com seu mundo digital
Porque aqui no meu rancho o sertão é meu quintal
Coberto pelas estrelas com presente celestial
Do sertão mais nada quero eu até me considero
Um caipira imortal