Toda música tem a sua tonalidade, o tom em que foi feita e/ou gravada. Em algumas situações é necessário tocar esta mesma música em outra tonalidade, mais alta ou mais baixa. A este procedimento chamamos de transporte de tonalidade.
Um pouco de teoria musical
Estamos aqui falando – naturalmente – de violão. Mas vamos aproveitar para esclarecer algo que pode escapar se falarmos somente de acordes.
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Quando fazemos o transporte de tonalidade, não só os acordes são transportados e sim, a música toda. Sim, óbvio, mas fiz questão de mencionar, porque em violão popular lidamos somente com acordes e por vezes nos esquecemos que a música tem a melodia que – neste caso – está “guardada” na voz de quem canta.
Ou seja, se imaginarmos a música escrita na partitura (veja figura abaixo), todas aquelas notas musicais (as bolinhas pretas) deverão mudar de lugar, para cima (tonalidade mais alta) ou para baixo (tonalidade mais baixa) ao ser feito o transporte de tonalidade.
Continuando no exemplo acima, imagine que transportemos a música acima um tom acima. A primeira nota é C (dó). Um tom acima = D (ré). Repare que a nota está no terceiro espaço de baixo para cima. Ela irá então para a quarta linha (e não espaço), tornando-se um D (ré).
O transporte de tonalidade no violão
Transportar tonalidades no violão não é bicho-de-sete-cabeças. Uma vez conhecendo-se as regras, é pão comido.
A primeira coisa a se fazer, é não pensar nos acordes individualmente. Os acordes fazem parte de uma sequencia. Você vai transportar a sequencia toda. Transportando o acorde que dá nome à tonalidade da música, basta “levar” os outros junto com este, na mesma quantidade de semitons.
Utilizando a escala cromática para transportar tonalidade
É fácil de compreender o transporte através da escala cromática. Suponhamos que uma música tenha a seguinte sequencia: D, Bm, G, A, D, G, Em, A7, sendo D a tonalidade. Queremos transportá-la para G(sol maior).
Devemos então localizar D na escala cromática e depois G. Contamos a mesma quantidade de semitons “andados” para frente ou para trás, para cada um dos outros acordes.
Escala cromática (meio em meio tom)
Em vermelho, D, a tonalidade original. Em verde, G, a nova tonalidade, que está 5 (cinco) semitons para frente (mais alto). O segundo acorde é Bm, que está na posição 12 nesta escala cromática. Como esta é a última nota da tabela, contamos cinco posições reiniciando, ou seja, a partir da posição 1 (um). Portanto o acorde Bm será Em. O terceiro acorde é G (oito). Cinco semitons adiante será igual a C (um). E assim por diante, contando sempre cinco semitons para a direita.
Lembre-se que tudo o que vem depois da cifra do acorde permanece. Exemplo: você achou E para transportar Bm. Basta adicionar “m” e você terá Em.
No braço do violão
Este mesmo procedimento é muito simples no braço do violão. As casas do braço seguem a escala cromática. Portanto, basta achar a nota original e “caminhar” as casas necessárias.
Continuando com o exemplo acima, D está na quinta corda, quinta casa. Cinco casas adiante, teremos G. B está na quinta corda, segunda casa. Cinco casas adiante = E.
Não se esqueça: tudo o que vem depois da cifra permanece ( m, 7 etc.).
A tabela abaixo ilustra melhor a mecânica da coisa. Mas não “vicie” em tabelas de transporte. Aprenda a transportar pela escala cromática e não se verá em apertos quando não houver uma tabela disponível.
Procure o exemplo acima nesta tabela. Na primeira coluna da esquerda, achamos a tonalidade D. O segundo acorde da sequencia é Bm. Seguindo à direita, achamos a nota B na sexta casa da tabela. Para transportar, Achamos a tonalidade G na primeira coluna e andamos para a direita, até a casa seis, onde encontraremos o nosso já muito falado E. Portanto o segundo acorde (de novo…) é Em.
Atenção: as escalas acima não são cromáticas e sim escalas de cada tonalidade.
Como você percebeu, não há nenhum mistério em transportar tonalidade. É pura matemática.
Transportando uma sequencia de acordes
Sequencias mais simples são bem fáceis de serem transportadas, partindo do princípio das posições dos acordes segundo a escala da tonalidade. Utilizando a mesma tabela acima, sabemos que o campo harmônico de cada tonalidade gera acordes conforme segue:
Utilizando o mesmo exemplo dado anteriormente, repare que tudo bate novamente. O segundo acorde encontrado foi E, na sexta posição. Veja na tabela que a sexta posição precisa ser menor. Portanto (lá vamos nós…) = Em.
Finalizando, aqui está a nossa sequencia:
D, Bm, G, A, D, G, Em, A7
Deduza você agora: Se tivéssemos mais dois acordes, na terceira e sétima posições, quais seriam? Ah, sim. Fica por sua conta fazer o restante do transporte… uma moleza, diga a verdade!