Sebadoh

Indie

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foto de Sebadoh
O Sebadoh foi um dos nomes mais representativos do rock alternativo americano durante os anos 90, ajudando a popularizar uma sonoridade conhecida como lo-fi. Ao lado do Pavement dos primeiros discos, o Sebadoh se notabilizou pelas gravações em quatro canais, sem requintes de estúdio, que priorizavam as canções e garantiam o clima espontâneo e verdadeiro de banda de garagem. Sem dúvida, o som do Sebadoh prova que não são necessários muitos recursos além de talento para fazer uma banda acontecer, e até hoje é incentivo para o surgimento de novas bandas nas garagens por aí. Na verdade o Sebadoh começou quase que por acaso, sem grandes pretensões. Lou Barlow tocava baixo desde 1983 no pioneiro Dinosaur Jr ao lado de J Mascis. Mascis era o principal compositor do Dinosaur, sobrando pouco espaço para Lou, que começou a registrar suas canções em fitas cassete, usando um gravador de quatro canais. Lou tocava guitarra e baixo, e trocava fitas com Eric Gaffney, que adicionava bateria às canções. Eric também compunha e mandava fitas para Lou colaborar em suas músicas. Assim nasceu o Sebadoh, que tinha essa característica de coletivo de compositores, onde Lou e Eric (e mais tarde Jason Loewenstein) escreviam as canções individualmente para depois trabalhar arranjos na banda. A primeira fita finalizada foi colocada à venda nas lojas de Boston e arredores em 1987, intitulada "Weed Forestin". Consistia somente em músicas compostas por Lou Barlow e foi creditada a Sentridoh (nome usado até hoje por Lou Barlow para seu trabalho solo). A segunda fita, "The Freed Weed" saiu um ano mais tarde, já com músicas de Gaffney e já como Sebadoh. "The Freed Weed" chamou a atenção, principalmente em função do Dinosaur Jr, que tinha acabado de lançar o histórico "You're Living All Over Me", e a gravadora independente Homestead se ofereceu para relançar as fitas. Nessa época, o entendimento de Lou Barlow com J Mascis no Dinosaur Jr era próximo a zero. Eles praticamente não se falavam, o que fez com que Lou Barlow ficasse cada vez mais desinteressado com a banda. Após o lançamento de Bug, de 1988, Mascis resolve substituir seu baixista e é nesse ponto que o Sebadoh deixa de ser um mero projeto paralelo para se tornar a banda de Lou Barlow. Por indicação de Eric Gaffney, Jason Loewenstein entra para o Sebadoh como baterista fixo, e Eric e Lou passam a se alternar no baixo e guitarra. No início de 1990, a Homestead relança "Weed Forestin", que mais tarde sai uma nova versão, chamado "Freed Weed", incluindo as músicas de "The Freed Man", totalizando 40 faixas. Conjuntamente com os relançamentos da Homestead, a banda passou a trabalhar em material inédito, durante 1991 foram dois lançamentos: um EP de título emblemático, "Gimme Indie Rock" e o seu terceiro álbum, "III". Os novos trabalhos mostravam uma banda mais madura e um som mais desenvolvido, ainda que apostando na simplicidade nas gravações e composições, mas já longe de parecer meras gravações caseiras. O álbum "III", em especial mostrava o verdadeiro potencial do Sebadoh, contando com composições de seus três integrantes, Lou e Jason notadamente em canções mais contidas, muitas vezes acústicas, e Eric priorizando as guitarras. A partir de então surgiram as primeiras turnês, já que tudo que o Sebadoh havia feito até ali foram pequenos shows pela região de Boston. No entanto, justamente quando se preparava para a primeira turnê nacional pelos EUA, que se estendeu durante 1991, Eric Gaffney decide não participar, levando Lou e Jason a se apresentarem como um duo. Durante a turnê eles chamam o baterista Bob Fay para completar a formação. Após a turnê, Eric retornou e o Sebadoh gravou uma demo com cinco músicas de Barlow que garantiram um contrato com a gravadora Sub Pop. Mais uma turnê pelos EUA e Europa (novamente com Bob Fay substituindo Eric), e o Sebadoh assina com a gravadora City/Slang da Inglaterra, lançando dois EPs, "Rocking The Forest" e "Sebadoh vs Helmet" (nada a ver com a banda Helmet), que nos EUA foram compilados pela Sub Pop dando origem ao álbum "Smash Your Head on the Punk Rock". O disco, como todos os lançamentos do Sebadoh, conciliava canções absolutamente díspares, partindo da furiosa e explosiva "Cry Sis" até a melancolia distorcida de "Mind Meld". Entre os destaques figuram duas covers mais do que especiais. Uma delas é "Everybody's Been Burned", intrigante música de David Crosby dos tempos de Byrds. A segunda foi a proeza de adicionar guitarras distorcidas à bela melodia de "Pink Moon" de Nick Drake. Em 1993 foi lançado "Bubble & Scrape" de fato o primeiro álbum da banda gravado para a Sub Pop. O disco seria o último a contar com Eric Gaffney, que deixaria a banda em definitivo no final daquele ano. "Bubble & Scrape" é mais uma colcha de retalhos, com todos os compositores da banda contribuindo com bons momentos. As músicas de Eric são as mais estranhas e esquizofrênicas ("Telecosmic Alchemy", "Fantastic Disaster"), enquanto Jason Loewenstein contribui em bons momentos como o entusiasmaste rock de "Sister" e a acústica "Happily Divided", e Lou Barlow ataca na belíssima faixa de abertura "Soul And Fire" e na também acústica "Think (Let Tomorrow Bee)". Depois de mais uma longa turnê divulgando o novo disco, o Sebadoh se firmou definitivamente junto ao público. Foi uma época bastante fértil para o rock alternativo, com muitas bandas alternativas, como o próprio Dinosaur Jr, assinando com grandes gravadoras e vendendo milhares de discos, enquanto várias outras construíam carreiras sólidas em gravadoras menores. O Sebadoh foi uma delas, ao lado do próprio Pavement, Yo La Tengo, Guided by Voices, Jon Spencer Blues Explosion e Superchunk, entre outras. Em 1994, Lou Barlow monta o projeto paralelo Folk Implosion (o nome seria uma resposta ao Blues Explosion de Jon Spencer) junto com John Davies e lança dois EPs antes de retornar ao Sebadoh com o disco "Bakesale" lançado pela Sub Pop em setembro. "Bakesale" foi o disco mais bem-sucedido do Sebadoh até então, contendo como destaques "Rebound" e "Skull" que rodaram bastante nas rádios alternativas americanas. Trata-se de um disco mais conciso e direto que os trabalhos anteriores da banda, ainda que tivesse seus momentos bem distintos, como em "License to Confuse" (de Barlow), onde a banda se aproxima bastante do Mudhoney. Em 1995, Lou Barlow retoma o Folk Implosion, contribuindo para a trilha sonora do controverso filme independente Kids. O sucesso do filme respingou na trilha sonora e a música "Natural One" do Folk Implosion começou a tocar em rádio rapidamente ganhando popularidade. A música, que flertava com batidas eletrônicas e hip hop, algo inédito na carreira de Barlow, chegou no famoso top 40 americano, atingindo o número 29 e deu a banda a visibilidade junto a um público que jamais havia conhecido o Sebadoh ou mesmo o Dinosaur Jr. Mas mesmo depois do sucesso do Folk Implosion, em 1996 o Sebadoh retornaria as atividades, lançando o álbum "Harmacy" em agosto. Mesmo se mantendo alheio ao sucesso do Folk Implosion, o Sebadoh reteve e ampliou o seu público. A banda já era o carro-chefe do cast da Sub Pop pós Nirvana, dividindo esse posto com o Sunny Day Real Estate, e Harmacy fez bonito nas vendas, chegando ao número 129 da parada de álbuns da Billboard. O single de "Ocean" chegou a 23º na parada de rock, feito inédito para a banda. Por sinal, "Ocean" continha um apelo pop irresistível, mostrando um Lou Barlow com confiança suficiente para soar pop. Mas Harmacy não fugia muito a cartilha do Sebadoh, o que não desapontou os fãs, que colocam o disco entre os melhores da banda ao lado de Bakesale. A partir de então, a atividade do Sebadoh passou a ser mais esporádica, dividida entre os projetos de Lou Barlow. Com o baterista Russ Pollard substituindo Bob Fay, o álbum The Sebadoh surgiria somente em 1999 (após mais um disco do Folk Implosion em 1997). The Sebadoh, o álbum, já não teve a mesma repercussão dos anteriores, mesmo sendo um bom disco mostrando uma banda cada vez mais afiada. É difícil explicar os motivos, talvez o fato da constante renovação do público de rock alternativo, que acaba preterindo nomes mais veteranos na busca constante por bandas novas. O fim da banda nunca foi oficialmente anunciado, mas até agora nem sinal de planos do próximo disco do Sebadoh. Lou Barlow assinou com a major Interscope para o lançamento de "One Part Lullaby" do Folk Implosion, que seguia os passos do hit "Natural One", obtendo sucesso moderado. Mais tarde lançou um trabalho solo de gravações caseiras retomando o nome Sentridoh e finalmente remontou o Folk Implosion sem John Davies, sob o nome de Foke Implojun, mais tarde rebatizado para The New Folk Implosion para o álbum homônimo de 2003. Jason Loewenstein se estabeleceu como artista solo, tendo lançado o álbum At Sixes and Sevens pela Sub Pop em 2002. obs.:Originalmente publicada no site Dying Days

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