Cartolas

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foto de Cartolas
CARTOLAS (por Marcelo Ferla). É claro que é rock. Mas não apenas uma brincadeira de amigos que têm baixo, guitarras, bateria e algumas letras escritas num guardanapo usado. É rock bem feito, levado por garotos que gostam e respeitam o passado seminal do estilo, mas não soam ultrapassados. É o rock revigorado da era da troca de arquivos e de experiências, que se permitiu misturar com outros sons e soube assimilar a necessidade de urgência e a energia digital da música eletrônica, e se deixou contaminar pela sagacidade e a perspicácia urbana do hip hop, e sabe se colocar no presente e mirar o futuro enquanto se nutre do passado. É o rock do tempo do Cartolas, dançante, feliz, globalizado, plugado, novo sem soar modernoso, reverencial sem parecer rançoso. Vencedor do festival de bandas nacionais Claro que é Rock, de 2005, que lhe rendeu, entre outros prêmios, um disco produzido no estúdio Toca do Bandido por Carlos Eduardo Miranda, o maior ídolo da cena indie nacional, com auxílio luxuoso de Thomaz Batista, o quinteto está pronto para experimentar novos desafios. E embora tenha na formação três garotos de Canoas, cidade-dormitório da capital Porto Alegre, onde moram os demais, o Cartolas mora mesmo é no Planeta Rock. Há dois anos o Cartolas faz um rock alegre e vigoroso e tem a capacidade de mixar Interpol com Kinks com Strokes com Who com Supergrass com Franz Ferdinand numa mesma faixa e pode acrescentar a influência de Chico Buarque nas letras, é claro que pode. O Cartolas se leva a sério, mas tem a auto-ironia necessária do rock: Não vai quebrar o meu vinil / que 20 e tantos contos eu paguei / só pra te impressionar, diz a letra de Acusações Baratas; E pitadas de cinismo: Me dá uma dosagem pra próxima viagem () só pra eu dançar mais uma vez, está escrito em Cara de Vilão; E de sinceridade: É muita ligação pra tanta falta de assunto, é um dos versos de O Rabugento; E a dose certa de inadequação, como em House do Melão: Ele foge sem pensar / não encontra o seu lugar; E o frescor indie, estampado na letra de As Mil Garupas: Já dei minha Caloi pra nunca mais lembrar / das mais de mil garupas que te dei; Para embalar letras preciosas que refletem o seu tempo, o Cartolas tem um grupo de músicos que honram a escola gaúcha que freqüentam (o baixista Otávio, os guitarristas André e Christiano, o baterista Pedro), e um vocalista de tamanha personalidade que beira a empáfia em alguns momentos. Luciano Flores de Lima tem a dose certa de pantomima que todo garoto que pega num microfone e sobe num palco deveria ter. O Cartolas faz rock, claro, mas tem o raro dom artístico de soar pop e melódico e palatável para quem gosta, simplesmente, de música. E ser universal é pertencer ao seu tempo na era pós-Napster. Você acha que viu o nome do Cartolas muitos vezes nesse texto? Depois de ouvir o discos dos caras vai ter certeza de que vai ouvir muito mais. Cartolas. É claro que vai.

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