Black Future

Post-punk

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foto de Black Future
Black Future foi uma banda brasileira de rock experimental dos anos 80, formada por Márcio "Satanésio" Bandeira, vocalista e letrista, Tantão, Olmar e Edinho. Originário do Rio de Janeiro, o grupo lançou o LP "Eu sou o Rio" em 1988, cuja faixa título tornou-se um hit no circuito independente do eixo Rio-São Paulo.O disco foi produzido Thomas Pappon. Integrante de uma geração marcada pelo desenvolvimento do cenário underground brasileiro, o Black Future destacava-se especialmente por ser um dos poucos representantes cariocas do movimento, que teve seus principais expoentes localizados em São Paulo, Brasília e no sul do país. O Black Future surgiu num momento em que a grande novidade musical era o New Wave, tocando misturado com a música Pop, sem muita distinção. Aquilo que vai ser conhecido como Rock Brasil estava dando seus primeiros passos. Nas pistas, o som que tocava era Pretenders, B’52, Madonna, Devo, Duran Duran, Oingo Boingo, Police, Cindy Lauper, entre outros. Era o segundo semestre de 1984. Havia muito pouco espaço para manifestação alternativa e não convencional, marcas que fundamentam a trajetória do grupo. A banda teve como locus de criação/inspiração a Lapa, onde Satanésio, cantor e letrista, morava. Era nesta localidade que eles buscavam a matéria-prima para as composições. No diálogo com tal realidade, de maneira paradoxal, construíram a música que vai dar nome ao disco e que acabou sendo uma espécie de anti-hit: Eu Sou o Rio. Um samba, misturado com rock (ou um rock misturado com samba?). Era no ambiente mítico da Lapa, cujo entorno transgressor marcou como signo a estética poético-musical do Black Future, em que as quatro “tristes figuras” mapearam as contradições de seu tempo. “No fundo, o nosso trabalho é uma trilha sonora para o Rio”, diz Satanésio, para O Globo, em julho de 1988. Inicialmente, a banda era um trio: Lui, aquele que inspirou o segundo LP dos Paralamas do Sucesso, “O Passo do Lui”; Márcio “Satanésio” Bandeira e Tantão. O trio fez apenas dois shows.O último foi antológico. A crítica musical, quando trata do Black, não conseguiu esquecê-lo. Foi numa casa roqueira em Copacabana, o Let It Be. Além dos três componentes, participaram do show o Negrete (Renato Rocha), baixista da Legião Urbana, e o David Buck, trompetista do B’52. Era janeiro de 1985, época do Rock In Rio. Foi também o último show do Lui. No RJ, assíduos do Circo Voador, o Black ainda tocou no Canecão, Parque Laje, Noites Carioca, Titanic, Teatro Ipanema, em praças e bares. Em SP, Madame Satã, Sesc, Ácido Plástico, Espaço Mambembe, Centro Cultural São Paulo. O núcleo – Tantão & Satanésio – manteve-se sempre ao longo desta caminhada, mas várias pessoas participaram dos shows, ensaios e do grupo: Tetê, Chico, Batatinha, Ronaldo Pereira (Finis Africae), Formigão (Planet Hemp), César Nine, Olmar, Edinho (Kongo), entre outros. Os dois últimos marcaram definitivamente a formação que deu origem as composições do disco Eu Sou o Rio, que, segundo a crítica especializada, foi considerado o 4º melhor disco do ano de 1988, batendo trabalhos como Bora-Bora, dos Paralamas, Ideologia, do Cazuza, Carnaval, do Barão Vermelho e a 8º melhor música (Eu Sou o Rio). O LP ainda teve as participações especiais de Edgar Scandurra (Ira), Paulo Miklos (Titãs), Edu K (De Falla) e Alex Antunes (Akira S e as Garotas que erraram). Sem ser rap, Satanésio falava-declamando suas poesias. Assim, negava o poder do cantor e a centralização que esta figura tinha e ainda mantém na musicalidade brasileira, com raras exceções. A voz soa como um instrumento, ficando, propositadamente, por baixo da bateria e do contrabaixo. Instrumentos que, na estética “pop-emepebista”, ficariam num nível inferior ao da voz. Instauraram assim uma nova maneira de ouvir-sentir-entender a música. Desterritorialização, por assim dizer. Usaram a bateria eletrônica e tapes pré-gravados, causando profundo estranhamento, pois foi no período em que o modelo que reinava absoluto era guitarra, baixo e bateria acústica. E misturaram sons, como samba e rock, numa época que tal gesto era explorado por muito poucos. Tom Leão, crítico musical do jornal O Globo, explicita tal visão, no Rio Fanzine: “Não existe na história da música pop/rock brasileira um disco sequer parecido com o primeiro e único lançado pela banda carioca Black Future, “Eu Sou o Rio” (BMG/Plug, 1988). Bem como, até hoje, não apareceu banda similar. O som e o conceito Black Future desafiam exemplos. Era uma banda/projeto, que não fazia exatamente música, mas sim acompanhamentos de fundo para letras não cantadas, e sim declamadas (mas não rapeadas).” Em 1994, a banda retornou. Mas não para fazer parte do clichê do eterno retorno que tomou conta nos anos seguintes de vários setores da cultura. Não. Os integrantes queriam que o LP fosse transformado em CD e que, após as transformações no fazer-ouvir música ocorridas nos anos 90, promovesse uma recepção diferenciada da época em que foi lançado. Mais uma vez a indústria se omitiu, ganhando a lógica dos números. O grupo, na oportunidade, compôs a continuação de Eu Sou o Rio e reapresentou sua visão transgressora, nomeando os malandros da Lapa, que formaram o já referido “ambiente mítico”, e camuflando os nomes que ganharam um espaço na história, como Manuel Bandeira, Villa Lobos e Portinari. É Eu Quero Tocar a Lapa, canção síntese da relação do Black com o espaço urbano em que surgiu e se criou.

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